13.10.09

berlioz.

- A pedreira em que meu marido trabalha está quase ao ponto de fechar.
- A pedreira? Ela sempre foi um estabelecimento tão estável! Mesmo sendo maçante para seu marido. Passar o dia jogando água nas pedras. Afinal, as pessoas só compram pedras bem furadas. Mas por que vai fechar?
- Você sabe bem como o dono da pedreira, o seu Ernesto, é. Pode-se notar pela época em que ele passava horas a fio brigando com a esposa. Quando o pobre do Jairo, o entregador de café, meteu acidentalmente uma colher entre os casados, ele foi demitido sem dó nem piedade. Mas a situação foi mais grave. Houve um assassinato.
- Um assassinato! Meu Deus, não foi um atentado ao Jairo, por seu pequeno crime, foi?
- Não. Foi um atentado ao gato do seu Ernesto. Ele quase teve uma síncope ao ver o bichano esparramado e sangrento no chão.
- Como é que é?
- Delatando o crime: tudo começou no dia que o Breno, com preguiça de escrever, pôs uma bela imagem de um pelicano no cartaz publicitário da pedreira, ao invés da frase “as pedras daqui são as mais bem furadas do país” ou algo do gênero.
- Breno é o apressado?
- Sim, é ele. Ele se separou da mulher dele, a dona Perfeição, soube?
- Não, eu não soube. Mas ele é até rico, vendendo o tempo nas horas vagas. E o que faz a Perfeição agora?
- Ela foi a Roma.
- Por que Roma?
- Ela tinha uma boca enorme.
- Fugimos do assunto principal. Continue a falar do assassinato do gato do Ernesto.
- Enfim, no dito dia, as paredes ouviram um rumor sobre o Breno, de que ele estava vendendo pedras por o preço de um olho. A mãe dele estava precisando de um transplante de córnea, sabe como são as coisas.
- E daí?
- Pois um senhor queria comprar uma pedra, e este tentou dar-lhe um cavalo, e não um olho. O cavalo era banguela, mas Breno o aceitou, mesmo assim. Mais tarde o senhor trocou um olho pelo seu olho, o que não foi uma troca vantajosa, pois o simpático senhor ficou com um olho de cada cor.
- E o cavalo do Breno matou o gato?
- Não. O cavalo fazia parte de uma instituição em amor aos gatos.
- Então, o que tudo isso influi em sua narrativa sobre um assassinato?
- As pessoas da pedreira ficaram curiosas! Foi isso que aconteceu! A curiosidade é perigosa, fatal para os gatos. O pobre Berlioz morreu na hora.
- Que dó. O gato era feio como o diabo, porém.
- Mas Ernesto o amava.
- Isso tudo acontece porque Ernesto é torto: vai morrer assim. E por causa da mulher dele, também.
- O que tem a mulher dele?
- Ela vive falando, aos quatro ventos, nas suas brigas com o marido: “onde come um, comem dois!”.


-
esse texto faz alusão a provérbios, não sei se ficou tão claro. uma tentativa (mal-sucedida) de algo nonsense. nonsense é muito difícil para mim. q

5.10.09

perguntas.

Por que vivemos? Como alguém é racional e emocional ao mesmo tempo? Existe um destino a ser seguido? O que é a morte, além da ausência da vida? Como funciona o cérebro? Existe um Deus? Como se explica efeitos paranormais? Somos todos naturalmente bons ou maus? Por que pensamos, e como os pensamentos são formulados? A apocalipse acontecerá? Qual roupa usar domingo a noite?

Isso mostra como as perguntas envolvendo números ou elementos químicos são relativamente fáceis.

Pelo menos, elas têm resposta.