14.5.09

precisa-se de espelho.

Gêmeas idênticas, personalidades opostas. Mesmo na inocência de seus cinco anos, era evidente para ambas que eram bem distintas uma da outra. A mais velha (ainda que por poucos minutos) caracterizava-se por ser uma peste - comprovado desde o dia em que colocara detergente transparente num copo onde sua mãe bebia água. A outra, porém, era doce e delicada. Amava Barbies com quase idolatria e era incrivelmente tola. As duas meninas eram tratadas igualmente, com exceção nos dias em que Juliana aprontava uma travessura de proporções muito grandes.

Naquele dia, a mais nova apareceu chorando, como se sua casinha de bonecas estivesse em chamas. Sua irmã gêmea estava saltitando, radiante, pelo apartamento. O contraste de humor era sempre presente nelas, mas não de forma tão clara. As lágrimas saiam dos olhos de Sofia com rapidez e intensidade, as grossas lágrimas de uma provocava as risadas da outra.

A infeliz da babá não conseguiu conter o choro da menininha. "Vai acordar sua mãe, Sofia!". Não adiantava em nada. A pobre criada não era formada em psicologia infantil para acalmá-la. Então, a mãe acordou, devido a baderna que Juliana fez propositalmente em seu quarto. Vendo sua outra filha chorar, a abraçou e perguntou com ternura o que acontecera.

Sofia respirou fundo e disse, em tom que inspirava pena:

- A Juliana me chamou de feia!

2 comentários:

  1. Anônimo15.5.09

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  2. Anônimo20.5.09

    Que texto bom, mano. Eu sou mano -n
    Eu ri

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