24.4.09

comédia romântica vs. suspense.

O casal estava discutindo há aproximadamente uma hora; ele fora até a residência da namorada, que o esperava pontualmente na calçada, arrumada dos pés até o último fio de cabelo. Marcaram de sair ao sábado à noite, iriam ao cinema. A discussão começou assim que ela entrara no carro, logo depois da pergunta “qual filme iremos assistir?”.


Um queria ver a comédia romântica que estreara há pouco, o outro desejava assistir um ótimo suspense que estava em cartaz no mesmo horário da comédia romântica. Os argumentos eram incontáveis, um atacava o outro dizendo que um filme tem de fazer as pessoas saírem alegres e dar prazer a quem assiste, fazer rirmos e chorarmos de felicidade. O outro contra-atacava, dizendo que o filme tem como objetivo emocionar, não importa qual emoção seja: os arrepios na nuca, torcer para que o personagem principal sobreviva. “E este personagem sempre morre”, resmungava de volta.


Chegaram, e em frente ao cinema ainda decidiam qual filme assistir. A guerra partira do gênero para a sinopse. “Uma história sobre um assassinato em uma ilha é bem mais interessante que um casal que se separou e agora luta para achar um novo amor”, falou um. O outro disse que um casal que se separa pode render até assuntos dramáticos e sérios, e sem a necessidade de morrer alguém ao fim. A resposta fora que um filme dramático seria indicado ao Oscar, e não ao Globo de Ouro. O outro continuou a resmungar: “quem liga para premiações?”.


O elenco foi discutido. O diretor. Até a trilha sonora (“admita que pop dá mais alegria a alma que uma trilha sonora somente instrumental”).


No fim, a garota deu um gritinho e enfim cedeu.


- Está certo, Rodrigo, eu assisto essa droga de comédia romântica. Agora, se for melosinho demais, você vai me devolver os sete reais.

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