5.6.09
26.5.09
equação.
insanidade = sentidos - razão
diversão = insanidade
Comprovação matemática de como a insanidade é positiva. E pertence aos inteiros.
Pobres racionais.
14.5.09
precisa-se de espelho.
Sofia respirou fundo e disse, em tom que inspirava pena:
- A Juliana me chamou de feia!
13.5.09
chá.
A chama saiu então da boca do fogão, aquecendo a água que estava em uma panela.
A noite encontrava-se fresca e agradável, pingos de chuva batiam suavemente contra o vidro da janela. Com exceção da cozinha, onde eu me localizava, a residência estava silenciosa, de forma pacífica.
Ponho a xícara sobre a mesa. Onde está o açucareiro? Não está no lugar usual.
Andando pelos ladrinhos da cozinha, sentindo o frio acolhedor do piso nos meus pés descalços. Uma brisa atravessa o cômodo, e noto o quão feliz estou. Por que estou feliz? Não sei. Para que quero saber por que estou feliz? Não sei. Estar feliz sem motivo é considerado algo bom, na maioria dos casos.
Aqui está o açucareiro! Estranhamente, dentro da geladeira. Não penso sobre isso, somente coloco duas colheres de açúcar dentro da xícara vazia.
Percebo que estou cantarolando uma canção qualquer. Sorrio com a ideia de que estou com um bom humor. Nada de extraordinário aconteceu, e, mesmo assim, a leveza de meu espírito impressiona.
Droga, não tem nenhum saquinho de chá. Vou usar canela em pó, então.
Pergunto a mim mesma se não estou feliz por ter terminado de ver um filme em que todos terminam bem ao fim. Era um filme bem banal, verdade. Não, não foi por causa do filme. Eu já estava alegre antes de vê-lo.
As bolhas que se desprendiam do fundo da panela até a superfície denunciavam que a água já se encontrava devidamente fervida. Apago o fogo da boca do fogão.
Talvez seja o clima que me deixa assim, pensei. Não senti calor nenhuma vez durante todo o dia. O céu estava nublado, o cheiro do ar emprestava algo campestre para plena Fortaleza. É, talvez seja o clima.
Despejando a água quente na xícara, admirando a fumaça que saia dela. A quantidade exata de canela em pó foi posta na água. A colher faz um som ao misturar o conteúdo da xícara.
Sorrio diante da xícara de chá. Está uma delícia.
27.4.09
nota máxima?
As provas já tinham sido corrigidas. O professor explicou, calmamente, que só entregaria os testes no dia seguinte, apesar de todos já estarem devidamente com suas notas. Alguns alunos sorriam uns para os outros, dizendo que provavelmente tirariam 10.
O pânico foi intenso em uma das alunas. Ela, mexendo em seu cabelo de maneira nervosa, não conseguia esconder seu medo. A aula seguiu-se tediosa, e a estudante não conseguia prestar atenção alguma nos números diversos da lousa. Ao tocar a sineta do fim da aula, o professor saiu tão apressado da sala quanto os alunos, esquecendo as provas sobre a mesa. Uma tentação para a garota que permaneceu mais tempo na sala que o usual.
Quando a sala de aula encontrava-se devidamente vazia, ela deu passos incertos até a mesa do professor. Desistiu de refletir sobre seus atos: achou sua prova rapidamente, seguindo a ordem alfabética. “Luciana Melo:
No dia seguinte, a garota se apresentava mais calma. Dizia que não iria tirar nota baixa, que é boa
- Bem, vou entregar agora a nossa última prova. Sabe, aquela cuja nota máxima era 5.
24.4.09
comédia romântica vs. suspense.
O casal estava discutindo há aproximadamente uma hora; ele fora até a residência da namorada, que o esperava pontualmente na calçada, arrumada dos pés até o último fio de cabelo. Marcaram de sair ao sábado à noite, iriam ao cinema. A discussão começou assim que ela entrara no carro, logo depois da pergunta “qual filme iremos assistir?”.
Um queria ver a comédia romântica que estreara há pouco, o outro desejava assistir um ótimo suspense que estava em cartaz no mesmo horário da comédia romântica. Os argumentos eram incontáveis, um atacava o outro dizendo que um filme tem de fazer as pessoas saírem alegres e dar prazer a quem assiste, fazer rirmos e chorarmos de felicidade. O outro contra-atacava, dizendo que o filme tem como objetivo emocionar, não importa qual emoção seja: os arrepios na nuca, torcer para que o personagem principal sobreviva. “E este personagem sempre morre”, resmungava de volta.
Chegaram, e em frente ao cinema ainda decidiam qual filme assistir. A guerra partira do gênero para a sinopse. “Uma história sobre um assassinato em uma ilha é bem mais interessante que um casal que se separou e agora luta para achar um novo amor”, falou um. O outro disse que um casal que se separa pode render até assuntos dramáticos e sérios, e sem a necessidade de morrer alguém ao fim. A resposta fora que um filme dramático seria indicado ao Oscar, e não ao Globo de Ouro. O outro continuou a resmungar: “quem liga para premiações?”.
O elenco foi discutido. O diretor. Até a trilha sonora (“admita que pop dá mais alegria a alma que uma trilha sonora somente instrumental”).
No fim, a garota deu um gritinho e enfim cedeu.
- Está certo, Rodrigo, eu assisto essa droga de comédia romântica. Agora, se for melosinho demais, você vai me devolver os sete reais.
17.4.09
"mas é um clássico!"
Além dos fatores "livros" e "ambiente" em si, existem as pessoas que estão nas livrarias. Minha concentração em ler só é inteira quando estou em casa, então, tenho que admitir que algumas vezes finjo estar compenetrada em um livro, enquanto na verdade estou observando as pessoas por cima das páginas que estão na minha frente, ou talvez olhando os outros somente pelo canto do olho. Muitas pessoas de livrarias são boas de se observar, mas acho que as que eu mais gosto de ver são as pseudocults da minha idade, quando estão com livros já adaptados para o cinema (as que leem Crepúsculo me fazem rir), principalmente quando acompanhadas de amigos. No caso, não foi uma pessoa da minha idade:
Eu estava sentada no sofá da Siciliano, enquanto minha mãe saia pelo shopping afora. Não me lembro de qual livro estava em minhas mãos, acho que um da Meg Cabot, de história bem leve. Engolia o livro assim como o sofá me engolia (estava eu afundada nele, e não era algo ruim), mas a conversa de uma garotinha me prendeu a atenção.
O nariz empinado, o cabelo liso e curto, os óculos escorregando do nariz. A menina deveria ter por volta dos seis anos, e estava acompanhada de um garoto mais velho, da minha idade, talvez. O garoto, que presumi ser seu irmão, parecia entediado. A menininha estava vasculhando livros, com o ar altivo. Não os livros infantis, com imagens de princesas com vestidos rosas na capa dura de papelão, e sim a série de Harry Potter. Ela pega o mais grosso dentre eles, e anda pela livraria inteira com o livro debaixo do braço. Procura por mais livros. Ela olha para O Código da Vinci seriamente, mas desiste de pegá-lo.
O seu irmão parece impaciente. "Vamos, vamos, quero ainda ir até o McDonald's". A menina anda até o garoto e diz que vai ler um pouco. O garoto olha para ela como se quisesse arrastá-la para fora da livraria. "Qual foi o livro que você pegou?", ele pergunta. Ela responde, com ar sério, lendo da capa do livro: "Harry Potter e a O-or-dem da... Fê...". Era claro que ela tinha se alfabetizado recentemente. O irmão disse o título do livro para ela, e que se ela estivesse interessada nele, ele poderia alugar o filme um dia.
"Mas é um clássico!", a menina fala. "Um clássico da literatura!"
Não sei porque essa história ficou gravada na minha mente. Acho que a visão do garoto levando a menina pelo pulso, dizendo que estava com fome, que tinha que achar a mãe que estava na Riachuelo, que estava tarde, e ele jogando o livro para cima do sofá onde eu estava sentada foi bem mais marcante que a tentativa de leitura da garotinha.
Da próxima vez, que ela escolha um gibi da Mônica.
- Lara tinha que postar algo, e esta era a coisa mais recente que ela tinha escrito, Lara manda desculpas para quem lê -